quinta-feira, 29 de setembro de 2011

iPad “made in Brazil” em risco? BNDES pode deixar parceria com Foxconn

Aloizio Mercadante, o ministro do iPad da Tecnologia, tem aparecido muito nos últimos meses prometendo datas para o início da produção de iPads no Brasil. Primeiro foi novembro, depois adiantada para julho, depois adiada para dezembro, e enfim prometida só para 2012. Mercadante disse que um dos principais problemas era encontrar um sócio brasileiro capacitado, com "musculatura financeira" para investimentos de grande porte. Mas, se depender do BNDES, os iPads "made in Brazil" podem não vir.

Para instalar a produção de iPads no Brasil, a Foxconn fez uma série de exigências, que analisamos aqui. Entre elas, estava a ajuda do governo para conseguir os bilhões de dólares necessários para o projeto. Só que, segundo Mercadante, as empresas brasileiras não têm fôlego financeiro o bastante para o projeto. E agora, de acordo com a Exame, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pode retirar o apoio à taiwanesa Foxconn. Segundo uma pessoa próxima à negociação, "o BNDES ficou com a impressão de que os taiwaneses ao final não fariam nenhum investimento", e recuou da ideia.

A Folha informa que a Foxconn não é a única opção para tablets made in Brazil: outras 24 empresas já manifestaram interesse em produzir tablets no Brasil, como Samsung, LG, Motorola e as nacionais Positivo, Itautec e Semp Toshiba. Só que elas não fariam o mesmo impacto da fantástica fábrica de 12 bilhões de dólares e 100.000 funcionários que Mercadante promete há meses, certo?

Segundo analistas, a Apple reduziu em 25% os pedidos de iPad para o quatro trimestre. Este valor, no entanto, só considera os pedidos para a China – o BGR especula que a demanda adicional pode ser fabricada no Brasil. Mas sem BNDES, sem sócio local e sem a disposição dos chineses em investir dinheiro próprio, o iPad brasileiro pode se tornar mais uma promessa não cumprida. [Exame via Folha]

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cientistas conseguem extrair, gravar e devolver informação para o cérebro

Isso é incrível: uma equipe da Universidade de Tel Aviv liderada pelo professor Matti Mintz desenvolveu um cerebelo sintético que pode receber impulsos sensoriais do cérebro, analisá-los, e depois devolver a informação para outras partes do cérebro!

O sistema está atualmente funcionando em ratos, e conseguiu restaurar funções perdidas do cérebro causadas por tecido danificado. No entanto, a coisa mais importante é que o estudo prova que a comunicação entre cérebro e máquina pode funcionar no caminho bidirecional, com uma máquina recebendo informação do cérebro, analisando-a e a devolvendo ao mesmo lugar. Nas palavras de Mintz:

Trata-se de uma prova de conceito de que nós podemos gravar informações do cérebro, analisá-las em uma forma similar à rede biológica, e devolve-la ao cérebro.

O módulo experimental criado pela equipe devolveu piscadas reflexivas ao rato. Ele se conecta ao cérebro pra detectar quando o rato ouve um bipe para assim lhe dar uma ordem para que o cérebro faça o rato piscar.

É um experimento bem simples, mas Fracesco Sepulveda, da Universidade de Essex, explica:

Isso demonstra quão longe já fomos na proposta de criar circuitos que possam um dia substituir áreas danificadas do cérebro e até mesmo aumentar a força de um cérebro saudável. O funcionalidade de mímica do circuito é bem básica. Não obstante, trata-se de um passo empolgante para chegarmos em possibilidades enormes.

Estou embasbacado. Vídeoclipes que reconstroem a atividade visual do cérebro, partículas mais rápidas do que a luz, carros com cheiro de torrada e agora cientistas restaurando funções perdidas de um cérebro usando implantes eletrônicos. Setembro é oficialmente o mês mais maluco da ciência na história recente. [New Scientist]

 

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Por que a fibra de carbono é tão cara?

Quando a fibra de carbono foi introduzida ao mundo, em motores de foguete e tanques de guerra na década de 60, ela estava fadada a dominar não apenas a fibra de vidro, mas toda uma outra gama de materiais. O que aconteceu?

Cinquenta anos depois, ela ainda é um material exótico. Ela está no uniforme do Batman e nas partes de alto desempenho e nos painéis de carros caros, mas, custando 10 dólares por libra, ainda é muito cara para uso em massa. Mas nós estamos usando esse negócio há décadas. Cadê a Lei de Moore para baratear o custo? Por que ainda é tão caro?

Acontece que, mesmo depois de meio século, continua sendo um saco produzir esse negócio.

Antes que a fibra de carbono se torne fibra de carbono, ela começa como um material de base — geralmente um polímero orgânico com átomos de carbono ligando longos fios de moléculas, chamado poliacrilonitrila. É uma palavra grandona para um material similar aos acrílicos em carpetes e malhas. Mas, diferente do material que se transforma em roupas e coisas para se estender no chão, o material que se transforma em algo mais leve e resistente que o aço custa bem mais. Um preço inicial de mais ou menos três dólares por libra não é tão assustador, mas a coisa logo se expande.

Para se chegar à parte de carbono da fibra de carbono, metade do acrílico do material inicial precisa ser eliminado. "O produto final vai custar o dobro do preço inicial, já que você queima a metade", explica Bob Norris, do grupo de matrizes compostas de polímeros do Oak Ridge National Laboratory. "Antes mesmo de considerar os custos de energia e equipamentos, o precursor no produto final é algo próximo de 5 dólares por libra".

Este preço — US$ 5 por libra — é também o número mágico para conseguir colocar a fibra de carbono nas principais aplicações automotivas. Até sete é possível, mas cinco é melhor. Até aqui, só o material base já estourou o orçamento.

Mas não para por aí. Forçar o acrílico a se soltar de seus átomos não-carbônicos exige máquinas monstruosas e gera muito calor. O primeiro dos dois principais passos no processamento é a estabilização de oxidação. Aqui, as fibras passam continuamente por fornos de 15 a 30 metros de comprimento, aquecidos a temperaturas de centenas de graus Celsius. O processo leva horas, sendo um enorme gasto de energia.

Então o material passa pelo processo chamado carbonização. Apesar das fornalhas aqui serem menores e menos longas, elas operam em temperaturas muito mais altas — estamos falando de cerca de 1000 graus Ceulsius para o passo inicial, e depois outra rodada de aquecimento a temperaturas ainda mais altas. Você não quer nem pensar no tamanho dessa conta de energia.

E tem mais. Os fabricantes ainda têm que lidar com o acrílico que não segura durante o processo de aquecimento. Gases precisam ser tratados para não causar danos para o meio ambiente. Não é fácil ser ecológico. "É muita energia, muito espaço físico ocupado e muitos equipamentos enormes", diz Norris. E até aqui estamos falando apenas da fabricação das fibras individuais.

Pare um pouquinho para pensar em onde estamos no processo de fabricação, comparado a onde queremos chegar. Aquele painel com visual incrível, de trançado visível, resistente como uma rocha e levíssimo é o que você imagina quando pensa em fibra de carbono, não é? Bem, até agora nós só fizemos os fios. Ainda temos que moldá-los num entrelaçado que junte tudo e se beneficie da resistência unidirecional do material.

Para fazer a coisa certa, é necessário ter certeza que todos os fios estão fazendo a sua parte. "É preciso se preocupar se as fibras estão todas paralelas e igualmente esticadas", explica Rob Klawonn, presidente da fábica de fibra de carbono Toho Tenax America. Um fio ondulado em um entrelaçado de fios faz com que o fio esticado mais próximo tenha que se esforçar mais, e este fio reto vai acabar se quebrando antes. Para compensar a possibilidade de existir um entrelaçado imperfeito, os fabricantes podem incluir dez por cento a mais de fibras do que o necessário, apesar do incremento no preço.

Sozinhos, porém, estes entrelaçados não são o material forte que os fabricantes precisam. Eles são um reforço, da mesma forma que o aço é um reforço para o concreto. Atualmente, a fibra de carbono funciona em conjunto com uma resina termofixa. Juntos, eles formam um composto que pode ser manipulado para assumir um determinado formato. O problema é que, depois de moldada e curada em uma autoclave, é impossível modificar o formato sem prejudicar a integridade estrutural do produto. Um pequeno erro pode significar um desperdício grande — inclusive de tempo. A termofixação demora cerca de uma hora, um tempo longo considerando quanto demora para a indústria automotiva fazer os painéis.

Por isso, não basta uma pequena modificação ou melhoria para jogar a fibra de carbono em uma faixa de preço mais baixa. É preciso uma revolução completa no sistema de fabricação. Mas, sendo isso algo com um prospecto de retorno financeiro tão alto, a indústria está se mexendo.

Aqueles acrílicos tipo malha, por exemplo, podem ser usados no lugar dos que os fabricantes usam hoje. "O equipamento é menos especializado, por isso o custo do precursor pode ser cortado de 20 a 30 por cento", diz Norris. Eles também estão investigando starters renováveis como a lignina, que vem da madeira, em vez das coisas baseadas em petróleo que são usadas hoje.

Processos de conversão alternativos — principalmente substituir aquecimento térmico por plasma — também poderiam diminuir os custos. "Isso cortaria o tempo gasto porque não seria mais necessário aquecer a fornalha inteira; você apenas geraria plasma o bastante para cercar os filamentos", explica Norris.

E os cientistas também ainda não acertaram na mosca o processo químico para fazer a fibra de carbono funcionar com resinas termoplásticas. Mas, quando conseguirem, Klawonn prevê uma redução de 60-70% no custo do processo de conversão. A grande mudança é que os termoplásticos são rápidos para fixar e podem ser derretidos diversas vezes, o que permite correções, fazendo com que não seja mais necessário jogar tudo fora quando há um erro.

A mudança está no horizonte. Norris observa que a fibra de carbono foi instalada no lugar no alumínio em novas aeronaves como a Airbus A380. "Ela está se tornando mais presente, mas até agora apenas em indústrias que podem fazer investimentos em performance". Vamos apenas esperar que os custos caiam antes das indústrias que estão esperando por essa queda.

 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ENC: Em experimento histórico, cientistas reconstroem visões do cérebro em vídeos digitais

Cientistas da UC Berkeley desenvolveram um sistema que captura a atividade visual em cérebros humanos e a reconstrói como vídeos digitais. No futuro, este processo pode permitir a você gravar e reconstruir seus próprios sonhos em uma tela de computador.

Eu simplesmente não consigo acreditar que isto está mesmo acontecendo, mas de acordo com o Professor Jack Gallant, neurocientista da UC Berkeley e coautor da pesquisa publicada ontem no periódico Current Biology, "este é um avanço enorme rumo à reconstrução de imagens internas. Estamos abrindo uma janela para os filmes de nossas mentes."

De fato, é de cair o queixo. Estou ao mesmo tempo entusiasmado e assustado. O processo funciona assim:

Os pesquisadores usaram três pessoas diferentes para os experimentos – que, vale notar, eram membros da própria equipe de pesquisa, porque era necessário ficar em um aparelho de ressonância magnética (fMRI) por várias horas seguidas. As pessoas foram expostas a dois grupos diferentes de trailers de filmes de Hollywood, à medida que o fMRI gravava o fluxo de sangue no cérebro que passava no córtex visual de seus cérebros.

As leituras foram colocadas em um programa de computador, no qual foram divididas em pixels tridimensionais chamados voxels (pixels volumétricos). Este processo decodifica os sinais cerebrais gerados pelas imagens em movimento, conectando informações de forma e espaço dos filmes a ações específicas no cérebro. À medida que as sessões progrediam, o computador aprendia cada vez mais sobre como a atividade visual na tela correspondia à atividade do cérebro.

Uma paleta de imagens com 18 milhões de segundos

Depois de gravar esta informação, outro grupo de vídeos foi usado para reconstruir os vídeos exibidos aos participantes da pesquisa. O computador analisou 18 milhões de segundos de vídeo aleatório do YouTube, construindo uma base de dados de atividade cerebral em potencial para cada vídeo. De todos esses vídeos, o software selecionou os cem que causavam uma atividade cerebral próxima à dos vídeos que os participantes viram, combinando-os num só vídeo. Apesar do resultado final ser embaçado e de baixa resolução, ele com certeza bate com os vídeos exibidos no experimento.

Pense em todos esses 18 milhões de segundos de vídeos aleatórios como uma paleta de cores de um pintor. Um pintor vê uma rosa vermelha na vida real e tenta reproduzir sua cor usando diferentes tons de vermelho disponíveis em sua paleta, combinando-as para ficar igual ao que ele está vendo. No caso, o software é o pintor e os 18 milhões de segundos de vídeos aleatórios são a paleta de cores. Ele analisa como o cérebro reage a certos estímulos, compara-os a reações do cérebro a essa paleta de 18 milhões de segundos, e escolhe o que combina melhor com a mesma reação. Então ele combina os vídeos em um novo vídeo, que bate com o que a pessoa estava vendo. Note que os 18 milhões de segundos de vídeo não eram o que as pessoas estavam vendo – eles são apenas pedaços aleatórios usados para compor a imagem do cérebro.

Dado um banco de dados enorme com vídeo e poder suficiente de processamento, o sistema poderia entender quaisquer imagens no seu cérebro.

Neste outro vídeo você pode ver como este processo funciona nas três pessoas do experimento. No canto superior esquerdo, você vê o vídeo que elas estavam assistindo enquanto dentro da máquina de fMRI. Embaixo, você vê o vídeo "extraído" da atividade mental deles. Ele mostra que esta técnica gera resultados confiáveis independentemente do que está sendo assistido – ou de quem assiste. As três fileiras de clipes na coluna à esquerda mostram os vídeos aleatórios que o programa de computador usou para reconstruir a informação visual.

No momento, a qualidade do resultado final não é boa, mas o potencial é enorme. O pesquisador Shinji Nishimoto, autor da pesquisa e um dos indivíduos testados, acredita que este é o primeiro passo para entrar diretamente em nosso cérebro e ver exatamente o que ele vê ou imagina:

Nossa experiência natural de visão é como ver um filme. Para esta tecnologia poder ser aplicada de forma ampla, nós precisamos entender como o cérebro processa essas experiências visuais dinâmicas.

Os gravadores de cérebro do futuro

Imagine isso. Capturar suas memórias visuais, seus sonhos, as divagações malucas da sua imaginação em um vídeo que pode ser visto por você com seus próprios olhos.

Esta é a primeira vez na história que conseguimos decodificar a atividade cerebral e reconstruir suas imagens em movimento numa tela de computador. O caminho que esta pesquisa abre é estarrecedor. Isto me faz lembrar de Brainstorm, o filme cult no qual um grupo de cientistas, liderado por Christopher Walken, desenvolve uma máquina capaz de gravar os cinco sentidos do ser humano, e então reproduzi-los para o próprio cérebro.

Este novo avanço nos traz cada vez mais perto deste objetivo, que – não tenho dúvida – vai acontecer em dado momento. Dado o aumento exponencial no desempenho dos computadores e da nossa compreensão da biologia humana, acredito que isto não vai demorar tanto assim, como meros mortais possam esperar. [UC Berkeley]

 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

MP dos tablets passa pelo Senado, promete 31% na queda dos preços e aguarda presidência

A MP 540, mais conhecida como a MP dos Tablets, passou sem problemas pelo Senado, e agora precisa do autógrafo da presidência para entrar em vigor. E o que isso significa? Que o projeto de zerar o PIS e o Cofins de tablets produzidos no Brasil está bem perto de se tornar realidade — provavelmente a tempo de diminuir os preços atuais até o Natal.

Segundo relato da Agência Estado:

"A medida melhorará o perfil das exportações brasileiras, ainda fortemente calcadas em produtos primários", afirmou o relator, senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Ele citou dados do Ministério da Ciência e Tecnologia de que os bens de tecnologia da informação e comunicação (TIC) apresentaram déficit na balança comercial de US$ 18,9 bilhões em 2010. Com a redução dos dois tributos, a estimativa é de que o preço final dos tablets caia em 31%. O tablet é o sexto produto a receber a isenção fiscal do Programa de Inclusão Digital, que já favorecia os computadores de mesa, notebooks, teclados, mouses e modems.

O limite de tamanho estabelecido pela MP é de 600cm². Já o mínimo é de 140cm², que inclui os tablets de 7 polegadas, mas exclui aparelhos como o Galaxy Note, com suas 5,3 polegadas — mas ainda não ficou claro se aparelhos com capacidade de telefonia, como o Galaxy Tab original, entram no pacote de exoneração.

Menos 31% no preço dos tablets será o bastante para você comprar sua primeira tábua? E será que até o Natal teremos o prometido iPad brasileiro nas lojas? Próximos capítulos em breve.

 

Esta cientista de 19 anos pode revolucionar a energia solar

 

Aos 9 anos, Eden Full construiu seu primeiro carrinho movido a energia solar. Ela não parou por aí e seguiu inventando, especiamente depois de entrar na prestigiosa universidade de Princeton, que a ajudou a patentear um mecanismo simples, mas genial, que custa 10 dólares e promete aumentar a eficiência dos paineis solares em 40%. Hoje, ao vê-la explicando seu invento cheio de segurança do alto de seus 19 anos, ela me deixou com inveja. E bastante otimista.

Eden acabou de vencer o Startups for Good Challenge no Social Good Summit, e faturou 10 mil dólares para continuar o desenvolvimento da sua ideia. Não que ela precise de mais um incentivo. Só este ano, ela já ganhou outros 4 prêmios de inovação científica e seus advogados de patente (é sério, ela disse que tem) já fecharam acordos com grandes fabricantes para aproveitar sua ideia. Agora que tiramos o objeto de inveja, qual é a sacada genial de Eden?

Os painéis solares rendem mais quando recebem os raios de sol perpendicularmente, então o ideal é que eles acompanhem a trajetória do Sol no céu, como girassóis. Isso já acontece em alguns modelos, mas é preciso de energia (diminuindo a eficiência) e algum tipo de motor. O protótipo de Eden, chamado "SunSalute" (saudação ao Sol), segue a luz perfeitamente durante o dia, sem necessidade de eletricidade extra. A mágica está em fazer a estrutura desigual, com um lado mais pesado, e um sistema de metais e molas que se comprimem e expandem dependendo da hora do dia e o vento, permitindo a movimentação. A grande sacada é que o comprimento dos mecanismos internos está relacionado à latitude do lugar onde as células fotovoltáicas são implantadas, já que a trajetória do Sol é diferente no norte do Canadá e no centro da África, por exemplo. Se seu inglês está bom, veja quando ela apresentou a ideia pela primeira vez, em 2009:

Eden foi para o Quênia este ano testar alguns protótipos, e eles funcionaram muito bem. O painel que ela pensou é relativamente pequeno, tem estrutura de bambu e é um sexto do preço do normal. Ela está refinando o protótipo para implementar 3 modelos diferentes em 2012, para que o sistema de molas dure mais tempo (atualmente precisa ser trocado 3 vezes por ano).

Ao final da sua palestra que explicou vários detalhes, perguntaram à garota se ela não tinha medo de roubarem a sua ideia – ela entrou com pedido de patente, mas ainda não foi concedida. Risonha mas não muito modesta, ela explicou que a propriedade intelectual "está na calibragem para cada latitude. Se você roubar meu protótipo no Quênia ele não vai funcionar na Itália. Só eu sei." Mas e se alguém descobrir a lógica? Na pior das hipóteses, o mundo chegará antes à meta de produzir energia limpa. O que é na verdade o sonho dela. Nada mal.

 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Snaptu: Honeycomb será o último OS para tablets

A Google tem revelado aos poucos quais serão seus próximos passos em relação ao Android. O Ice Cream Sandwich é esperado já para o próximo mês e só não sai agora porque, segundo fontes, a empresa está agindo com uma cautela bastante bem-vinda. As…


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Snaptu: 'Novos iPhones' saem em outubro, afirma Al Gore

"Novos iPhones serão lançados no mês que vem", afirmou Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA e membro do conselho da Apple, durante o evento Discovery Invest Leadership Summit, na África do Sul, nesta quarta-feira (21). Segundo Toby Shapshak, editor da…


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Snaptu: Senado aprova MP que cria incentivos à produção de tablets

O Senado aprovou nesta quarta-feira medida provisória medida que concede isenção de PIS e Cofins na venda a varejo de tablets fabricado no Brasil. O projeto de lei de conversão vai à sanção presidencial. A desoneração era uma exigência de grandes…


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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Gamers crackeiam código que pode gerar novos tratamentos contra AIDS

Os cientistas passaram uma década tentando — e não conseguindo — mapear a estrutura de uma enzima que pode ajudar a resolver uma parte crucial do quebra-cabeça do vírus da AIDS. Um grupo de gamers precisou de apenas três semanas.

A enzima em questão é a protease do vírus dos macacos de Mason-Pfizer, e pesquisadores vêm buscando formas de desativá-lo para assim descobrir novas formas de desenvolver drogas anti-HIV. Infelizmente, os esforços convencionais de computadores e cientistas foram pouco durante anos.

Eis que entra no jogo a Foldit. a Foldit foi desenvolvida em 2008 como forma para descobrir estrutura de várias proteínas e aminoácidos — algo que computadores não sabem fazer muito bem — ao transformar o problema em um jogo. Ao adicionar as coordenadas experimentais à enzima do vírus do macaco, os gamers — vários deles sem nenhum tipo de conhecimento passado em biologia molelucar — foram capazes de prever a estrutura da proteína, permitindo que os cientistas marcassem localizações precisas e parassem o crescimento do vírus.

O estudo, publicado na Nature Structure & Molecular Biology, detalha quão incrível um passo desse é para o desenvolvimento de terapias mais efetivas para pacientes com AIDS. Trata-se também de um precedente importante que estabelece uma base para que cientistas e pessoas comuns trabalhem juntas para resolver novos problemas e salvar vidas. O que é algo incrível. [Sydney Morning Herald via The Next Web]

 

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Quanto uma banda realmente lucra com as vendas e streaming legalizado?


A banda do Reino Unido Uniform Motion lançou recentemente seu terceiro álbum, One Frame Per Second. Aqui eles explicam exatamente quanto da fatia de streaming sobra para os músicos – e é ainda menos do que você imagina:
Nosso novo álbum foi "oficialmente" lançado hoje. Isso significa que você irá encontrar a versão digital em várias lojas musicais Digitais como iTunesAmazonMP3 e eMusic e poderá ouvir por stream as músicas em serviços como SpotifyDeezer.
As versões físicas (CD e Vinil) estão disponíveis apenas no nosso site do Bandcamp e no gigs.
Infelizmente, você não verá nosso disco em qualquer loja. O motivo para isso é que nós não temos um selo de gravadora, o que significa que não temos acesso à distribuição. Sem um distribuidor, você não pode vender seus CDs em lojas. Se você trabalha por um distribuidor e está interessado em carregar nosso CD ou Vinil, ou ambos, sinta-se a vontade para entrar em contato conosco!
Se você escolher comprar a nossa música ou usar algum dos serviços de streaming "legalizados", eis aqui uma visão geral de para onde o dinheiro vai.

Spotify:

Com o Spotify, nós iremos receber U$0,0041 cada vez que alguém ouvir uma música.
Se você ouvir o álbum inteiro, nós iremos receber U$0,04.
Se você ouvir o álbum 10 vezes no Spotify, nós iremos receber U$0,40.
Se você ouvir o álbum 100 vezes, nós iremos receber U$4,05.
Se você ouvir o album 1000 vezes (uma vez por dia durante 3 anos), nós iremos receber U$40,50!
Se você usa a versão gratis do Spotify, isso não irá lhe custar nada. O Spotify irá gerar dinheiro a partir dos anunciantes. Se você usar qualquer uma das versões pagas, nós não fazemos a menor ideia de como eles dividem o dinheiro. Eles só divulgam essa informação para as grandes gravadoras…

Deezer:

Deezer parece pagar um pouco mais.
Nós recebemos U$0,0083 cada vez que alguém escuta uma de nossas músicas lá. Isso é U$0,072/álbum. Se você ouvir o álbum 10 vezes no Deezer, nós iremos receber U$0,72. Se você ouvi-lo 100 vezes, nós iremos receber U$7,17. Se você ouvir o álbum 1000 vezes (uma vez por dia durante 3 anos) nós iremos receber uma bolada de U$71,73!
Se você usa a versão grátis do Deezer, isso não irá te custar nada e o Deezer irá gerar dinheiro a partir dos anúncios. Se você usa alguma das versões pagas, nós também não temos ideia de como eles dividem o dinheiro.

eMUSIC:

eMusic é um serviço de assinatura. O valor do álbum irá depender do plano que você tiver. Nós ganhamos em média  U$0,29 por música ou U$2,60 por álbum (9 músicas).

Amazon MP3:

Você irá pagar U$ 9,81 para fazer download de todas as MP3's. Nós recebemos U$6.86 desse valor. Isso é uma divisão 70-30.

iTunes:

O álbum irá custar para você U$8,66 se você comprar da Apple.
Existe uma divisão 70-30% aqui também, então nós iremos receber U$6,28/álbum.
Dito isto, custa pra gente U$48,48 por ano para manter um álbum no iTunes, Spotify e Amazon (U$144,84 por ano por todos os nossos 3 álbuns!) então nós não recebemos nenhum dinheiro até que 24 pessoas tenham comprado uma cópia digital do álbum no iTunes, ou 150 músicas separadas, ou se ouvirem dez centenas de músicas no Spotify! Na maioria dos casos, é mais economicamente viável não vender a música.
Mas e se você comprar uma versão Digital diretamente de nós?

Direct Digital:

Nós permitimos que as pessoas paguem o que elas quiserem pela versão digital. Se você escolher pagar U$7,00, o Paypal leva U$0,51, Bandcamp leva U$1,03. Uniform Motion fica com U$5,35. Não custa nada pra gente ter uma página no Bandcamp.
Se você decidir não pagar nada, bem, nós não recebemos nada, mas pelo menos você não dá dinheiro indiretamente para grandes gravadoras. O que parece ser o caso no Spotify!

CD:

Se você comprar um CD diretamente de nós por U$14, o Paypal leva U$0,71, Bandcamp leva U$2,07. Então sobra um pouco menos de U$11,04 pra gente. Mas espere um momento, temos custos para produzir o CD.
O CD em si custa U$1,66, o livreto custa cerca de 69 centavos, a embalagem é U$2,48 e o adesivo na frente custa 48 centavos.
Isso dá um total de U$5,03.
Então na verdade sobra U$5,99 para nós.

Vinil:

Se você comprar um Vinil de 12" de nós por U$21, o Bandcamp leva U$3,10, o Paypal leva U$0,89 então sobra U$16,69. O custo do Vinil em si é U$4,22.
Então sobra U$10,69 pra gente.
Entretanto, nós tivemos que mandar fazer 250 deles (porque esse é o pedido mínimo), então é bem improvável que a gente lucre com eles.
Nós precisamos vender 72 cópias antes de pelo menos não ter prejuízo com a edição em vinil. Nós vendemos cerca de 30 até agora.
Se nós conseguimos pelo menos vender esse número, nós iremos baixar um pouquinho o preço. : )

Update:

Algumas pessoas perguntaram sobre os números do Vinil. Esses números podem ser um pouco confusos, então eis aqui algumas informações sobre isso.
Nós pedimos 250 cópias porque esse é o pedido mínimo para Vinil (ou pelo menos a menor quantidade que nós conseguimos encontrar). Para baixar os custos, nós optamos por uma embalagem branca tipo sleeve sem nenhuma arte nela, e personalizar as embalagens ao colocar adesivos customizados nelas. Tem um adesivo na frente com o nome do álbum nele. E nós decidimos colocar um na parte de trás nos primeiros 50 pedidos com os nomes dos fãs.
250 cópias nos custaram U$1069,03.
Vinil preto, biscuit colorido (lado 1, lado 2), embalagem branca.
Isso custa U$4,28 por cópia.
O adesivo da frente custa U$0,83.
O das parte traseira custa U$0,97.
Os números parecem estranhos porque nós não pedimos 250 adesivos. Nós iremos pedir mais se nós vendermos cópias suficientes, mas se nós iremos vender apenas 50 ou 100, porque pedir mais do que nós podemos vender? Nós não tivemos escolha com o vinil em si, mas tivemos com os adesivos. Então nós pedimos apenas 75 adesivos frontais e 50 personalizados. Mas meus números foram baseados em 75 de cada.
$1069,03 + (0,83 x 75) + (0,97 x 75) = $1204.03
$1204,03/ 16,69 (opreço líquido de cada cópia) = 72,14

Então é dai que o número 72 saiu. Na verdade é mais provável que sejam 75 cópias para realmente não ter prejuízo! Mas ei, eu sou um músico, não um contador! : )
Uniform Motion é uma banda ilustrada de indie-folk combinando música com artes visuais criada por Andy Richards e Renaud Forestie em 2008, e que passou a contar com a participação de Olivier Piotte (bateria, percussão, teclado) em 2011. Durante nossas performances ao vivo, Renaud faz esboços ao vivo usando um projetor de vídeo, enquanto Andy e Olivier criam uma atmosfera sonora com guitarras, baterias, teclados e vários outros gadgets resultando numa experiência audiovisual hipnotizante. Uniform Motion acaba de lançar o seu terceiro álbum, One Frame Per Second.
Este post foi republicado com permissão da banda Uniform Motion. Todas as unidades monetárias foram convertidas de euros para dólares.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Muito além do iPad made in Brazil: Os planos de Mercadante para a tecnologia do País

Parece que nos últimos meses Aloízio Mercadante virou o Ministro dos Tablets. Metade das vezes em que ele aparece nos jornais é para dar uma nova data para o iPad Made in Brazil ou estimar em quanto os preços vão cair. Lendo os jornais, parece que ontem não foi diferente: em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ele deu uma nova data para o mítico tablet-de-Jundiaí, e há motivos para duvidar novamente. O que muitos ignoram é que a tábua da Apple ocupou uns 20 segundos da fala de horas do ministro. Aos senadores, ele explicou os planos do governo para melhorar a nossa mão-de-obra, premiar bons estudantes, atrair investimentos e virar uma potência em tecnologia. Há um bocado de blablablá de político, é claro, mas alguns dados e programas estratégicos revelam um plano consistente e promissor. Estou sendo otimista demais? Acompanhamos a audiência e destacamos os principais momentos da fala de Mercadante:

Investimento em Pesquisa

Vejam que a Coréia investe 2,5% do PIB em pesquisa e desenvolvimento; o Japão, 2,7 do PIB e assim por diante; o Brasil apenas 0,57%, e aqui se incluirmos a Petrobras. Se tirarmos a Petrobras, cai para 0,3. Então, o Estado brasileiro está dentro de um padrão bastante razoável de esforço e investimento em P&D. Nós precisamos criar uma cultura da inovação no setor privado, que está longe disso, por muitas razões que mencionarei ao longo da exposição.

Este aqui é a nossa formação de jovens na graduação. Nós tínhamos 320 mil jovens formandos em 2000; hoje estamos indo para um milhão de jovens formandos. Nós triplicamos, numa década, o volume de formação na graduação. Vocês viram o ranking. O Brasil só tem 26% dos jovens no ensino universitário. É um nível ainda muito baixo para os países em desenvolvimento. E o mais grave é na Engenharia. Nós só formamos 47 mil engenheiros em 800 mil formandos. A Coreia forma um engenheiro para quatro formandos. O Brasil forma um engenheiro para 50 formandos. E caiu a participação relativa das engenharias.
O Governo vai lançar um programa especial para as engenharias, que é um grande desafio que temos pela frente.

Bolsas para estudo no exterior

Este é um programa novo da Presidenta Dilma, que acho que fará muita diferença na história da ciência, da tecnologia e da inovação do Brasil. A meta é atingirmos 75 mil bolsas de estudo, só o Governo, um investimento de R$3 bilhões e 200 milhões, nos próximos três anos, 27 mil e 100 alunos de graduação.
Aqui, quem são os alunos que podem ter acesso ao programa Ciência sem Fronteiras, que é basicamente para áreas de ciências básicas, engenharias e áreas tecnológicas.

A Capes e o CNPq continuarão dando bolsas de estudo para as humanidades e outras áreas, mas o foco é onde há deficiência. Então, são os alunos que tiraram mais de 600 pontos no Enem, que ganharam medalhas nas olimpíadas ou que estão nos programas de iniciação científica. São os melhores alunos do Brasil. A ideia é: os melhores alunos do Brasil nas 50 melhores universidades do mundo, em cada uma das áreas escolhidas, que são as áreas estratégicas de ciências básicas, engenharia e tecnológicas. Nós já lançamos o edital agora, em 1º de setembro, para quatro mil alunos de graduação.Já encaminhamos 200 de pós-graduação. Na graduação, estamos fazendo bolsa de um ano. Queremos que o aluno tenha experiência internacional, mas volte para o Brasil. Se você o mandaele ficar quatro, cinco anos, ele dificilmente volta para o Brasil. Então, a ideia é um compromisso com o País.

Esse programa, apesar de não ter tido grande divulgação na imprensa – alguns veículos deram importância – já tivemos de acesso ao portal, só do CNPq, quatro milhões e meio de acessos. Portanto, mostra que os alunos estão muito interessados, há um grande interesse. As principais revistas científicas internacionais divulgaram com grande destaque o programa. E os resultados estão aparecendo. Por exemplo, tínhamos 14 doutorandos no MIT. Fechamos um acordo para 200 vagas no MIT, 100 vagas em Oxford, 100 vagas em Cambridge. E assim por diante. NYU, 500 vagas. Na Fundação Fraunhofer da Alemanha, vamos assinar 400 vagas em setembro. Fechamos 200 vagas na Academia Chinesa de Ciências. Nas quatro melhores universidades da Coréia, e assim por diante. Nas melhores universidades da Alemanha. Então, estamos fechando acordos, ampliando significativamente o nosso programa de bolsa de estudos e isso fará uma grande diferença, eu diria, na história do Brasil, pelo impacto, pelo volume. E estamos buscando parceria com o setor privado para chegar a cem mil bolsas.

Investimentos estrangeiros no Brasil

Quero falar de algumas cadeias estratégicas e qual o esforço que estamos fazendo.
Na área de tecnologia de informação e comunicação, o Brasil, hoje, é o sétimo mercado do mundo. Faturamos, aqui, US$165 bilhões por ano. Somos o terceiro mercado em computadores, hoje; passamos o Japão. Este ano, o Brasil vai ser o terceiro país onde mais se vende computadores. Somos o quinto mercado de celulares. Estamos com 200 milhões de celulares no mercado. Somos o nono país em expansão de conexão de banda larga. No entanto, temos um déficit de US$19 bilhões. O investimento em P&D é muito baixo. São dados de 2005. Cresceu, mas é muito baixo.

Então, qual é o foco? Fortalecer a indústria nacional, aumentar os gastos em P&D aqui no País, fortalecer a cadeia produtiva, especialmente de componentes, softwares, games e componentes.

A GE está vindo com investimentos de US$150 milhões em três anos no Fundão; a IBM também US$250 milhões; essas duas empresas são os dois primeiros centros de P&D no Hemisfério Sul. Em cem anos, nunca tinham investido em nenhum país do Hemisfério Sul e estão vindo para o Brasil. A MC2 também, agora, entrou com US$100 milhões. A ZTE com US$200 milhões na região de Hortolândia. A Highway é um programa que ainda não foi detalhado, só anunciado. A Foxconn é uma negociação que está bastante avançada, é um projeto estruturante de grande porte, é uma empresa que já tinha sete mil empregos no Brasil, já produz para a Nokia, para a Sony e para várias outras empresas, e estão criando a primeira planta da Apple fora da China. Já está em produção, como dissemos, o IPod, no Brasil, agora em setembro; já está sendo produzido em Jundiaí, e até dezembro estará entregando os IPads da Apple no mercado brasileiro.

Além disso, estamos negociando um investimento estruturante para produzir tela de display. Só quatro países do mundo fazem isso e todos na Ásia. É um investimento de grande porte. Temos aí um contrato de sigilo nas negociações, mas eu poderia adiantar que está bastante adiantado, estamos bastante otimistas com a possibilidade de trazermos um investimento estruturante.Um investimento como esse é três vezes maior do que uma indústria automobilística. Portanto, estará para a história do Brasil como esteve a indústria automotiva nos anos 50. Muda a estrutura da indústria de tecnologia de informação e comunicação.

No Plano Brasil Maior, todos os programas que fizemos – Capital de Giro, Investimento, PSI – focaram nesse setor como setor estratégico. A desoneração da folha de pagamento ajuda a trazer a indústria de games e software. Já temos 506 mil trabalhadores na indústria de software no Brasil. E vamos agora anunciar, ainda este mês, um grande investimento na área de games, uma grande empresa que está vindo para o Brasil. Portanto, é um esforço grande para desenvolver essa área.

 

Fábrica de semicondutores

Esse aqui é o Seitec. Essa é a foto real. É a fábrica de semicondutores que foi construída pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Queremos colocar para rodar essa fábrica em outubro. Ali queremos formar recursos humanos. Só vinte países produzem semicondutores. E ninguém vai entregar essa tecnologia de graça. Não há essa possibilidade. O Brasil tem de possuir uma estratégia a exemplo do que fez a Embraer. O Brigadeiro Montenegro trouxe o reitor do ITA, montou o ITA e depois começamos a produzir o Xingu, depois o Brasília e, hoje, temos aviões modernos, somos a terceira empresa de aviação no mundo.
Não há outro caminho. A Ceitec vai produzir chip do boi, chip para Casa da Moeda, chip para rastreabilidade de automóvel, mas vai desenvolver recursos humanos, vai estimular a vinda de design house, e vamos ter um saldo importante na nossa indústria.

Paralelamente, estamos negociando com o setor privado a possibilidade de investimento em semicondutores. Temos algumas conversas avançadas.
Algumas indústrias estão trazendo design house para o Brasil. Por exemplo, a Semp Toshiba anunciou uma parceria com Toshiba na área de design house. Estamos, também, com empresa encapsuladora de chips. Vou dar um dado bem interessante. Para se importar uma tonelada de chips, paga-se US$350 mil. Precisa-se de 21 mil toneladas de minério de ferro ou 1.700 toneladas de soja para pagar uma tonelada de chips. O que são chips? Inteligência aplicada, basicamente conhecimento e recursos humanos.

A fábrica fica em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Quem a está dirigindo é o Cylon [NOTA: o sobronome é Gonçalves, a humanidade está a salvo, aparentemente], quem dirigiu a construção do Sincroton em Campinas, com o professor Rogério Cerqueira Leite, é um físico de grande renome. Estamos na expectativa de começar a rodar. Vamos demorar de um ano a um ano e meio para aprendermos a fazer chips. Mas com essa fábrica, que estará para a história do chip como esteve o Brasília e o Xingu, vamos começar o processo de aprendizado, vamos formar recursos humanos.

Não é uma fábrica que vai começar tendo lucro. É uma fábrica cujo papel é um laboratório-fábrica de formar recursos humanos estratégicos. E na outra ponta com Ciências sem Fronteiras, estamos fazendo parcerias para colocar engenheiros nas linhas de frente. Uma fábrica de chips moderna precisa de mil engenheiros eletrônicos na linha de produção. Então, não é um desafio qualquer, mas é uma grande possibilidade histórica.

Smart Grid

O grande desafio, agora, é o smart grid, quero dizer uma rede elétrica inteligente em distribuição de energia. Haverá um dispositivo digital, um computador na entrada da sua casa – não um computador, mas um equipamento inteligente – que vai organizar a distribuição de energia. Se se vai lavar a louça, ele vai ligar a máquina uma hora da manhã; a de roupa, às duas horas da manhã; e a geladeira vai desligar no pico. Quer dizer, vai haver uma Internet das coisas inteligentes. Com isso, nós vamos estimular a energia solar doméstica e industrial, porque o excedente de energia voltará para a rede, porque não se consegue armazená-la, e isso será abatido da conta de energia. Então, o smart grid vai dar um grande salto na energia fotovoltaica e na energia elétrica.

Agora nós estamos sendo procurado por grandes empresas, principalmente da Espanha, da Ásia, da China e do Japão, as maiores do mundo, com grande interesse em investir no Brasil, e a Aneel está bem avançada já no edital do Smart Grid. Isso aqui vai mudar a estrutura, a eficiência energética, vai aumentar a eficiência, vai economizar energia, vai racionalizar o sistema e vai impulsionar a eólica e a solar, principalmente a solar em que o Brasil tem um potencial fantástico. É uma energia limpa. Agora, nós precisamos desenvolver tecnologia própria.

Minérios para fabricação de eletrônicos

Outro esforço que nós estamos fazendo aqui é para que o Brasil volte a produzir terras raras. Nós éramos produtores no início do século; depois o Japão entrou, a Índia, e, hoje, a China tem 97% da produção de terras raras. São 17 minerais estratégicos. Então, por exemplo, os rotores de eólica são terra rara; carro elétrico, terra rara; silício, terra rara. O Brasil tem grandes jazidas de terras raras. Se nós entrarmos nesse mercado – a Vale tem demonstrado interesse em entrar, e nós estamos negociando fortemente com a Vale a sua entrada nesse segmento -, nós vamos aumentar muito a nossa competitividade nessa área eólica, fotovoltaica e em toda essa indústria portadora de futuro, porque, hoje, a China tem praticamente monopólio da oferta de terras raras. Então, esse é um grande esforço do Ministério.

Tecnologia para acessibilidade

Para concluir, nós estamos desenvolvendo aqui um Programa de Tecnologia Assistida. Esperamos lançá-lo ainda em setembro. Nós pesquisamos com 10 países todos os equipamentos que existem para as pessoas com deficiência – todos! Desde da muleta de carbono até a coisa mais simples, como uma régua que vai ler em Braille, que vai passando pelo livro, tecnologia para pessoas tetrapégicas, quadriplégicas; enfim, muita… O que tem de mais moderno? São mais ou menos 1.200 produtos. Nós vamos lançar uma linha da Finep para a indústria desenvolver essa tecnologia no Brasil, linha de crédito do Banco do Brasil para a compra dos equipamentos pela população de baixa renda, o SUS vai anunciar o que é que vai comprar das áreas-chave, e nós queremos atingir uma população de 20 milhões de pessoas que precisam desse tipo de resposta.

Competições de conhecimento

Estamos avançando na área de comunicação para tentar difundir mais ciência e tecnologia, criar uma cultura da inovação, da tecnologia e da ciência na juventude do Brasil. A Olimpíada de Matemática e de Ciência já é um êxito. Queremos organizar, no ano que vem, a Olimpíada de Tecnologia da Informação.
Nós temos aqui 20 milhões de jovens que participam da Olimpíada de Matemática. Nós damos cinco mil medalhas e bolsas de iniciação científica. Nós tínhamos que dar 10 mil, 30 mil, mas não temos recursos. Queremos abrir agora também na área de TI.

Nós temos aqui toda a área nuclear, o programa espacial, a área de energia limpa, tecnologia da informação, enfim. O Brasil precisa investir mais em ciência, tecnologia e inovação se não quisermos ser um país exportador de commodities. Não podemos ser apenas um país exportador de commodities, por mais convidativos que estejam os preços das commodities. Nós precisamos ser um país industrial, moderno, com valor agregado, olhar para os setores exportadores de futuro, impulsionar nova economia brasileira. E esse é o papel central do nosso Ministério.

De onde virá o dinheiro?

Royalties do petróleo. Sei que é um debate delicado, complexo, tem que ser feito com muito equilíbrio, mas, se derrubarem o veto, o Ministério perderia 900 milhões, este ano, e 12 bilhões e 200 milhões, em nove anos, sem contar o pré-sal – sem contar o pré-sal! Qual é a ponderação que faço? Tem que dividir melhor os royalties, o Brasil tem que pensar os royalties, tem que partilhar melhor com Estados e Municípios, preservando os Estados produtores, porque eles não têm o ICMS na origem, tem que ter bom senso, equilíbrio. Acho que o Senado é a Casa do Pacto Federativo e saberá resolver essa questão.

Mas o que nós pedimos é que tenha uma ênfase em educação, ciência e tecnologia. Por quê? Porque os royalties são uma fonte de receita não renovável. Nós não podemos pegar os royalties e pulverizar na máquina pública governadores, prefeitos, sem nenhuma condicionalidade, porque ele vai acabar. O mundo vai precisar de energias limpas. Qual é o lugar do Brasil no futuro? O que vamos deixar para a futura geração, que não vai ter os royalties do petróleo, não vai ter o pré-sal? Estamos antecipando uma riqueza das futuras gerações. Nós temos que desejar um País capaz de se desenvolver nas áreas tecnológicas, capaz de desenvolver as áreas de futuro, que gerem emprego, que deem sustentabilidade. Então, precisa ter, inclusive para os Municípios e para os Estados, condicionantes no repasse de recursos para investir naquilo que é o futuro. E eu destacaria especialmente nessas áreas de educação, ciência e tecnologia. Então, eu pediria muita atenção a esta discussão e que realmente o Senado busque o equilíbrio, não divida o Brasil em torno disso, mas não aceite a doença holandesa, não pulverize os recursos, porque se a gente olhar o que aconteceu com a Venezuela quando descobriu os grandes campos de petróleo, em 1974, Celso Furtado escreveu um livro dizendo: -Pode virar o primeiro país desenvolvido da América Latina- e eu diria -ou não-. Não precisamos repetir pelo menos os erros que os outros já repetiram. Precisamos focar e usar os recursos dos royalties para dar um salto estratégico no País. Eu diria que educação, ciência e tecnologia têm que ser a prioridade das prioridades, porque é isso que vai gerar uma economia sustentável, competitiva e portadora de futuro.

Senadores visitem, por exemplo, algumas cidades do litoral do Rio de Janeiro. O sujeito faz calçada, faz não sei o quê, desperdiça o recurso, não tem nenhum projeto… Você vai de um município onde há um desperdício completo de recursos públicos a outro município do lado que não tem nada. Quer dizer, é um critério completamente… Sete cidades têm 49% dos royalties do petróleo, e há um abuso completo, desperdício, falta de visão, falta de estratégia.

O Brasil precisa olhar para o futuro, usar os royalties, que são um passaporte para o futuro, se forem bem aplicados. Ou então será a condenação de sermos o que já somos: um país líder na economia do conhecimento natural. Somos o segundo maior produtor de alimentos, somos um grande produtor de minérios, seremos a sexta ou a sétima economia produtora de gás e petróleo, de derivados. Isso vai dar renda, vai dar riqueza, vai dar bem-estar, mas vamos perder aquilo que é o futuro, que é a economia do conhecimento, da informação, é a sociedade da inteligência, que é a sociedade verde e sustentável. E esse é o grande debate desta Casa, porque, se não olharmos o que já aconteceu com os países que produzem petróleo, se não olharmos os erros que foram cometidos… Pelo menos esses erros não podemos cometer. E vamos olhar para os países que tiveram uma boa resposta, como a Noruega, para ver qual é o caminho promissor.

E eu diria: formar uma poupança a longo prazo, priorizar sobretudo a educação, ciência e tecnologia. E não é para a União, não. É para o município, para o estado e para a União. Nós faríamos uma revolução educacional no problema estrutural mais grave do Brasil, que é a educação. E, se resolvermos a educação de qualidade, ciência e tecnologia, construímos outro País, porque desenvolvemos todas as outras áreas que precisamos de desenvolver.